ABRIL 2018
PITIRíASE RóSEA
Dra. Sara Duarte
Farmacêutica da Farmácia do Caniço
sara.duarte@farmaciadocanico.pt

A Pitiríase Rósea é um distúrbio na pele de tipo papuloescamoso auto-limitado agudo. Caracteriza-se por um rash cutâneo inicial (rash cutâneo - aparecimento de manchas ou pápulas vermelhas) seguida do aparecimento de manchas escamosas ovais, avermelhadas ou rosadas, que podem provocar intensa comichão. Normalmente é possível identificar uma lesão “mãe ou inicial”, mais desenvolvida, rodeada por diversos grupos de outras menores. Estas lesões cutâneas situam-se principalmente no tronco do corpo humano, quer no abdómen ou tórax, quer nas costas. 
A causa exata do aparecimento da Pitiríase Rósea não é conhecida, mas pensa-se que se tratará de uma doença de origem viral, provavelmente causada por alguns vírus da família dos Herpesvírus humanos: HHV-6 e HHV-7. 
É importante salientar, no entanto, que apesar da sua provável origem viral, esta não é uma doença contagiosa.
A Pitiríase Rósea tem uma incidência reduzida, atingindo entre 0,5% e 2% da população. Por outro lado, é possível constatar que surge com mais frequência nos meses de Primavera e de Outono.
Trata-se de um distúrbio que afeta ambos os sexos, embora seja mais frequente em indivíduos do sexo feminino. Quanto à sua distribuição etária, pode surgir em qualquer fase da vida, mas é mais comum entre os 15 e os 30 anos de idade. A identificação de casos em bebés e/ou idosos é bastante rara. 
Em 90% dos casos, a Pitiríase Rósea inicia-se com uma lesão única: a placa-mãe ou inicial. Esta tem normalmente uma forma arredondada, com cerca de 2 a 5 cm de diâmetro, bordos bem delimitados e coloração rosada. Com o passar do tempo, o tamanho dessa lesão inicial aumenta, começa a apresentar descamação e o seu centro torna-se mais claro. Normalmente esta lesão localiza-se no abdómen, tórax ou costas. 
Em alguns casos é referenciado o aparecimento conjunto de alguns sintomas inespecíficos de virose, como dor de garganta, mal-estar, dor de cabeça, dores no corpo ou diarreia, nos dias que antecedem o aparecimento da primeira lesão. 
Segue-se depois a ocorrência de uma erupção generalizada, o denominado período eruptivo ou rash secundário. Nesta fase surgem múltiplas lesões semelhantes à inicial, mas de menores dimensões: as lesões filhas. Estas lesões secundárias tendem a aparecer localizadas igualmente no tronco ou nas suas extremidades proximais. Assim sendo, o surgimento de lesões no pescoço, face, pés e mãos, ainda que possa ocorrer, não é frequente.  
O número das lesões filhas pode variar, dependendo da intensidade da doença. Pôde ser verificado que, em 80% dos casos, esta fase de erupção generalizada tem uma duração de cinco semanas.
Para além do surgimento das lesões, a comichão é o principal sintoma que a Pitiríase Rose costuma provocar. Essa comichão pode ter várias intensidades, sendo que em 25% dos casos o prurido é severo. Nestes casos torna-se importante tratar o prurido, não só para permitir ao paciente ter maior qualidade de vida, mas principalmente para evitar que o ato de coçar desencadeie mais lesões secundarias e/ou infeções secundárias.
Passadas quatro a seis semanas, começam a ser percetíveis os primeiros sinais de desaparecimento das lesões. Esse processo pode deixar a área afectada despigmentada e o regresso à cor original da pele pode demorar meses até acontecer. 
Importa esclarecer que não há tratamento específico para a Pitiríase Rósea, já que esta é uma doença autolimitada que se cura espontaneamente e sem deixar sequelas depois de passados dois ou três meses da sua ocorrência. Se bem que o processo exija algum tempo, é possível afirmar que, em 80% dos casos, este distúrbio cutâneo e os seus sintomas mais incómodos ficam resolvidos em oito semanas. 
Algumas outras doenças, como as dermatomicoses (lesões fúngicas), a Sífilis secundária ou a Psoríase gutata, podem apresentar sinais e sintomas parecidos com os da Pitiríase Rósea, sendo por isso importante a realização de diagnóstico diferencial. Algumas alergias a medicamentos também podem causar lesões semelhantes às da Pitiríase Rósea. 
O tratamento, quando aplicado, tem sobretudo como objetivo fazer aumentar a velocidade do processo de cura e diminuir o sintoma mais incómodo que é, na maioria das vezes, o prurido severo.  
A utilização de corticóides em creme está indicada, mas apenas para um período não superior a três semanas. Auxiliará tanto a controlar o prurido, como a diminuir a irritação cutânea. 
Os anti-histamínicos por via oral também ajudam a controlar o prurido e devem ser usados enquanto este sintoma se verificar. 
A utilização de syndets (detergentes sintéticos de pH entre 5-6) no banho ou de outros produtos suaves de lavagem corporal, assim como o uso diário de cremes ou bálsamos hidratantes ajudam o organismo a fazer a manutenção da saúde da pele, o que vai contribuir para facilitar a cicatrização das lesões.
Em caso de exposição solar, a utilização de creme protetor solar está igualmente indicada. Neste caso, não apenas pela sua ação de proteção solar, mas também como contributo fundamental para que não se acentue a diferença de tonalidades entre as zonas com lesões e/ou despigmentadas e a restante área da pele.   
Uma vez desaparecidos o rash cutâneo e a comichão, é rara a recorrência da doença.  

Para além do surgimento das lesões, a comichão é o principal sintoma que a Pitiríase Rose costuma provocar. Essa comichão pode ter várias intensidades, sendo que em 25% dos casos o prurido é severo.


 


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