Dra. Catarina Gonçalves Psicóloga info@catarinagoncalves.pt Quantas vezes durante o dia a nossa mente vagueia entre o passado e o futuro? Lamentamos coisas que já aconteceram, imaginamos o que vai acontecer, e enquanto isso os momentos passam sem nos darmos de conta. E se pudéssemos escolher viver mais no presente? Mindfulness deriva do termo em pali “Sati”, que é um elemento essencial da prática Budista, sendo mais frequentemente traduzido para o português como Atenção Plena. Pode ser definido como a capacidade de prestar atenção ao momento presente e sem julgamento, estarmos presentes e conscientes do que se passa à nossa volta e em nós, as nossas emoções, pensamentos e o nosso corpo. Apesar de ter origem no Budismo, hoje o mindfulness é também secular. Isto deve-se a Jon Kabat-Zinn que durante um retiro que percebeu que a meditação poderia ser usada sem qualquer componente religiosa, e pegando neste pressuposto desenvolveu o Programa de Redução de Stress Baseado em Mindfulness (MBSR – Mindfulness-Based Stress Reduction). A ciência também se foi interessando por este tema e os estudos sobre a prática do mindfulness têm se multiplicado nos últimos anos. Os resultados têm mostrado alterações desde a estrutura do cérebro, passando pelo processamento de informação, e ainda a diminuição de sintomas físicos e psicológicos quer em patologias físicas como a dor crónica, quer patologias mentais como a ansiedade e depressão. Outros dos benefícios desta prática têm a ver com o aumento da capacidade de relaxamento, mais energia e entusiasmo, aumento da capacidade de lidar eficazmente com situações de stress, aumento do bem-estar físico e psicológico, aumento da qualidade de vida, e aumento da capacidade de lidar com as emoções. Actualmente podemos encontrar o mindfulness implementado e reconhecido em todo o mundo e nas mais diversas áreas, desde a saúde onde é recomendada pelo Serviço Nacional de Saúde Britânica, a empresas como a Google e a SAP que oferecem e promovem a prática aos seus funcionários através de programas de mindfulness, passando ainda pela educação. Hoje vivemos sobre a pressão de um ritmo que chega a ser alucinante, parecemos pequenos hamsters a correr numa roda com um sentimento de impotência em relação a essa situação, somos incapazes de parar. Isto torna o mindfulness uma ferramenta poderosa para os nossos dias, pois permite-nos aprender a desacelerar e parar. E se tudo isto lhe pareceu algo complicado, surpreenda-se porque o mais provável é já o ter experimentado sem se ter dado de conta: quando escutou aquela música especial sem pensar em mais nada, quando explorou todos os seus sentidos enquanto cozinhava, quando desfrutou daquele pôr-do-sol como se estivesse a ver pela primeira vez. Nesse momento dedicou a sua atenção apenas ao que estava a acontecer naquele momento, estava em atenção plena. |