ABRIL 2017
ASSINALAR O DIA DA MULHER
Dra. Natacha Almeida 
Psicóloga
natachafalmeida@gmail.com

Vamos refletir. O Dia da Mulher é celebrado mundialmente para assinalar a igualdade entre sexos, e para relembrar as conquistas e contribuições das mulheres, para a humanidade. Este dia comemorativo surgiu no início do Séc. XX, nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, para reivindicar o direito de voto das mulheres, criar melhores condições de trabalho e permitir o aumento da sua qualidade de vida. Atualmente, apesar destes direitos já serem uma realidade em vários países, ainda existem mulheres que lutam diariamente pelos seus direitos em sociedades autoritárias dominadas por homens ou por culturas pouco convencionais. A comemoração deste dia tornou-se banal e comercial. Passou a ser conotado como “o dia especial da mulher”, onde pequenos ou grandes gestos alegram momentaneamente este dia, fazendo com que o real objetivo da celebração passe despercebido. É importante relembrar que este dia deve ser a comemoração do que já foi conquistado e do que ainda falta conquistar. O dia em que as mulheres unem-se para realçar as desigualdades e injustiças, enquanto celebram as barreiras ultrapassadas. Atualmente, as mulheres na Irlanda lutam por um melhor acesso a contracetivos, no Brasil pela punição e abolição da violência doméstica, no México pela extinção dos inúmeros casos de violação, no Quénia pela abolição da mutilação genital feminina, entre outros exemplos das realidades que ainda existem no mundo. Em Portugal, estas realidades parecem mais distantes, porque a maioria destas barreiras sociais, culturais, económicas e politicas já são vistas como pouco ajustadas à nossa sociedade. No entanto, segundo o relatório da APAV de 2015, o número de vítimas de crimes ou outras formas de violência continua a aumentar, sendo que foram registados uma média de 14,5 vítimas do sexo feminino por dia. No que diz respeito aos crimes sexuais, foram registadas 255 vítimas, das quais 209 são do sexo feminino, ou seja, 82,1%. O fator económico continua a ser outro fator relevante de desigualdade. Segundo Sara Falcão Casaca, Coordenadora do Projeto Igualdade de Género nas Empresas – Break-Even, em Portugal existe uma baixa presença de mulheres nos cargos de chefia e de direção, assim como, acentuadas diferenças remuneratórias, sendo que as mulheres auferem menos do que os homens (17,9% de remuneração média mensal). Acresce ainda, que quanto mais escolarizadas e mais qualificadas são as mulheres, maior é o diferencial a seu desfavor (26,4%). A desigualdade ainda é uma realidade! Se hoje somos quem somos, se temos liberdade de expressão, direito ao voto, direito a ser mãe, a ter uma carreira, a ser livres e independentes, devemos a todos aqueles que lutaram para que o nosso futuro tivesse como base a igualdade, a união, a aceitação e o respeito pelo outro. Neste dia, temos o dever de lutar pelas mulheres que ainda sofrem com realidades castradoras e abusivas, onde a falta de direitos e o medo de se fazerem ouvir, ainda persiste. Lutemos então, dando voz a estas mulheres, tal como os nossos antepassados lutaram pela nossa liberdade atual. As exigências e os desafios são permanentes, tornando por vezes o ser apenas Mulher, uma tarefa difícil. As mulheres têm de ser a dona de casa perfeita, a companheira ideal, a mãe preocupada e atenta, a profissional competente e cumpridora, a filha disponível, a amiga presente. Livremo-nos dos rótulos e dos papéis pré-definidos, sejamos apenas nós! Feliz dia da Mulher! 

“A desigualdade ainda é uma realidade! Se hoje somos quem somos, se temos liberdade de expressão, direito ao voto, direito a ser mãe, a ter uma carreira, a ser livres e independentes, devemos a todos aqueles que lutaram para que o nosso futuro tivesse como base a igualdade, a união, a aceitação e o respeito pelo outro”



 


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