ABRIL 2017
A MADEIRA NA LUTA CONTRA A VIOLêNCIA DOMéSTICA
Dra. Teresa Carvalho
Psicóloga no Instituto de Segurança Social da Madeira, IP-RAM
DAFIJ - Departamento de Apoio à Família, Infância e Juventude
teresa.o.carvalho@seg-social.pt

Já houve tempo em que agredir alguém em família só dizia respeito aos envolvidos. Interferir não seria de “bom tom”. Havia inclusivamente um ditado popular que advertia: “entre marido e mulher não se mete a colher”.
Será ainda hoje assim?

Que histórias nos chegam hoje?
Ainda hoje, 2017, chegam histórias de violência: de abusos, de transgressões, de rejeição e desprezo, onde as ameaças, as culpas atribuídas, as frustrações continuadas, o medo, se entrecruzam num “campo minado” onde qualquer decisão de permanência, de resistência ou de libertação envolve riscos de dimensão desconhecida, mas sempre assustadora. 
São histórias de silêncios, vidas envergonhadas, retalhos de solidão com sofrimentos não partilhados, tentações de desistência onde por vezes só a capacidade de amar - os filhos - alimenta uma luta ou simplesmente uma atitude de "levar a sua cruz", numa aceitação sem esperança de vencer o fracasso de relações e projectos outrora sonhados.

São também histórias de jovens que sonham o amor, que acreditam tê-lo encontrado e que por isso se envolvem numa relação a dois. A estes, quando o que recebem é a anulação de si, o exercício do poder, a experiência da dor obrigada a silenciar, então o sonho esvai-se e a juventude esquece as suas cores – anoitece!

AS HISTÓRIAS QUE SE RE-CONSTROEM, OS NOVOS DESAFIOS
Pedir ajuda é sempre o resultado de uma longa luta contra os medos, as dúvidas, as desconfianças, os desânimos e até contra anestesias inventadas.
Mas, vencendo-os, abrem-se caminhos para a descoberta de outras versões da sua história: permite-se descobrir uma outra realidade, ver qualidades e competências que contrariam a pequenez de que foram acusada(o)s e em que acreditaram.
Este novo olhar projeta para outras alternativas e destinos onde antes se via apenas escuro e fim do caminho. 
É então que se revelam as pessoas de coragem que são e abraçam desafios que nem se atreviam a sonhar: novos trabalhos, outras relações, vida em liberdade de ser e realizar!
 
Há também histórias que por medo dos desafios, ou por experimentar portas que se fecham, por ouvir promessas em que ainda se acredita, por sinais de mudança da pessoa a quem se quer bem, por dificuldade em conceber outros modos de vida, por fantasias de mudança, por tudo isto ou por outras razões, há histórias que terminam como começaram: em violência.

A Madeira não cruza os braços face ao crime de violência doméstica:
16 entidades públicas e privadas estão diretamente envolvidas neste projeto. Dois planos regionais, estruturas de proteção e apoio, campanhas de sensibilização, informação e formação, são armas ainda insuficientes numa luta que precisa de todos e que no futuro se quer desnecessária – sê-lo-à quando estiver assegurado a cada homem, a cada mulher, a cada jovem, a cada criança, o respeito pela sua dignidade e pelo direito à liberdade de crescer até o máximo das suas capacidades.
Nesse dia - e só nesse -  não preciso / não precisas lutar contra o crime da violência doméstica na Madeira! Até lá, participa! Não aceites!

Site: 
http//:violenciadomestica.gov-madeira.pt


“São histórias de silêncios, vidas envergonhadas, retalhos de solidão com sofrimentos não partilhados, tentações de desistência onde por vezes só a capacidade de amar - os filhos - alimenta uma luta ou simplesmente uma atitude de "levar a sua cruz"


 


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