DEZEMBRO 2016
ESCLEROSE MúLTIPLA: A(S) PERSPETIVA(S) DE UMA ASSOCIAçãO DE PORTADORES
Lurdes Silva 
Associação Nacional de Esclerose Múltipla 
anem@anem.org.pt

A Esclerose Múltipla (EM) é a doença neurológica mais frequente e potencialmente mais incapacitante do adulto jovem. É também a mais complexa e com maior impacto social. 
Esta é uma doença crónica de caráter inflamatório e progressivo do Sistema Nervoso Central. A causa da doença é ainda desconhecida. No entanto, sabe-se que esta tem origem na inflamação ou danificação da bainha de mielina – bainha isoladora que envolve as células nervosas e que ajuda a transmitir os impulsos nervosos. Pode também acontecer de as próprias células nervosas ficarem lesadas. Em consequência, esta inflamação deixa áreas de cicatrização, as quais se denominam por esclerose e as quais culminam na perturbação ou atraso da condução dos impulsos nervosos, o que provoca, neste seguimento, um conjunto de diversos sintomas. 

SINTOMAS
As incapacidades provenientes da doença variam podendo mesmo ser diferenciadas em categorias. Consecutivamente, em termos motores, realça-se o surgimento de fraqueza muscular, espasticidade, falta de coordenação de movimentos musculares e reflexos excessivos. Por outro lado, em relação a aspetos sensoriais menciona-se sensações cutâneas, dor e fadiga e alteração da sensibilidade superficial. Em termos de sintomas cerebelosos aponta-se dificuldade em articular palavras, perda de controlo na marcha, tremor, descoordenação do tronco e membros e movimentos involuntários dos olhos. No que respeita a alterações dos nervos cranianos ou do tronco cerebral salienta-se diminuição ou perda da acuidade visual, visão dupla, visão turva, fraqueza muscular facial e espasmo facial. Quanto ao Sistema Nervoso Autónomo evidencia-se disfunção vesical, intestinal e sexual. Por fim, e não menos importante, ao nível mental, destaca-se a possibilidade de surgimento de euforia, ansiedade, labilidade emocional, psicose e depressão.

TIPOS DE ESCLEROSE MÚLTIPLA
A Esclerose Múltipla é assim uma das doenças neurológicas mais complexas, quer pela variedade de sintomas e sinais neurológicos que pode induzir e pelos diferentes tipos de evolução que por sua vez correspondem a diferentes aspetos anatomo-patológicos cerebrais. Há várias formas de atingimento, evolução e gravidade. 
A investigação dos aspetos anatomo-patológicos e as manifestações e evolução clínica permitiu caraterizar quatro tipos principais de evolução diferentes e que são até formas com sensibilidade diferente aos fármacos: Benigna; Recidivante-Remitente; Secundária-Progressiva e Primária Progressiva. O tipo Benigno carateriza-se por algumas exacerbações leves iniciais, com remissões completas ou quase completas, onde a incapacidade é nula ou mínima; a Esclerose Múltipla Recidivante-Remitente, é a forma mais frequente, e corresponde a um tipo onde há exacerbações iniciais mais frequentes e remissões não completas, mas com períodos longos de estabilidade e onde aproximadamente metade dos doentes sofre uma progressão gradual da incapacidade, (num período entre 10 a 20 anos); o tipo Secundária-Progressiva é caracterizada por remissões escassas, havendo uma progressão e incapacidade crescente e cumulativa; e, finalmente, a Esclerose Múltipla Primária- Progressiva, carateriza-se por um início insidioso e progressão rápida e constante dos sintomas, sendo a forma mais grave.

PROBLEMAS E IMPACTOS (MAIS COMUNS)
A Esclerose Múltipla tem pouco impacto na esperança de vida e assim o indivíduo a quem foi diagnosticada, viverá com os seus efeitos durante muitos anos. Além de potencialmente muito incapacitante, altera a personalidade do doente e muitas vezes complica a vida do doente e da família e por isso tem um grande impacto social. Surge de repente, é variável e imprevisível, com uma evolução geralmente caraterizada por surtos e remissões. No entanto mesmo sem manifestações a doença vai progredindo e mesmo nas formas denominadas “benignas” pode haver um agravamento súbito e irreversível.
Nem sequer tem o mesmo padrão evolutivo em cada doente. Atinge fundamentalmente o adulto jovem, mas pode atingir crianças, e as formas dos mais velhos são com frequência mais graves. Atinge mais as mulheres, mas os homens têm usualmente formas mais tardias e também mais incapacitantes. 
A gravidade é sobretudo causada pela incapacidade funcional que pode condicionar na mobilidade e nos problemas de visão, do equilíbrio, esfincterianos, pela fadiga que condiciona e pelas alterações cognitivas.
A EM é imprevisível sobretudo se não estiver corretamente tratada, e assim o doente e a família têm dificuldade em antecipar o que lhes trará o dia seguinte ou a próxima semana. Planear torna-se difícil. Viver com EM leva, por isso, a uma mudança continuada no equilíbrio emocional do paciente e da família, com rotura do ritmo de convívio social, familiar e laboral, e com desenvolvimento de um ritmo próprio. 


Em termos motores, realça-se o surgimento de fraqueza muscular, espasticidade, falta de coordenação de movimentos musculares e reflexos excessivos. Por outro lado, em relação a aspetos sensoriais menciona-se sensações cutâneas, dor e fadiga e alteração da sensibilidade superficial


 


seara.com
 
2009 - Farm´cia Caniço
Verified by visa
Saphety
Paypal