DEZEMBRO 2016
TEM TOSSE?
Dra. Cristina Moura
Farmacêutica na Farmácia do Caniço
cristina.moura@farmaciadocanico.pt

A tosse é uma resposta fisiológica à irritação das vias aéreas, que funciona como um importante mecanismo de defesa do sistema respiratório, não se tratando de uma doença mas sim um sintoma de alerta. Pode ser uma manifestação de algumas doenças do aparelho respiratório, mas também um reflexo de protecção para expulsar partículas estranhas ou secreções. Assim, deve-se resistir à tentação de suprimir a tosse, uma vez que é a forma que o nosso corpo encontra para nos dizer que algo não está bem.

A avaliação dos tipos de tosse
Nem todas as tosses são iguais. Algumas tosses são secas e irritativas, enquanto outras são consideradas produtivas. A tosse seca é muitas vezes induzida por um “formigueiro” na garganta e não tem expectoração associada. É uma tosse habitualmente incomodativa que vai aumentando a irritação na garganta. Por seu lado, a tosse produtiva é aquela em que se produz muco, também chamado de catarro ou expectoração.
A tosse pode, ainda, ser classificada quanto à sua duração em aguda ou crónica. A tosse aguda é aquela que persiste menos de três semanas, geralmente está associada a sintomas de constipação, e é passível de tratamento com ajuda do farmacêutico sem recurso a consulta médica. Já no caso da tosse crónica, esta persiste por mais de oito semanas, e é aconselhada a observação por um médico.

O tratamento
Como já vimos nem todas as tosses são iguais, pelo que o tratamento  adequado está dependente do tipo de tosse e de qual a suposta origem.  A tosse aguda não origina habitualmente grandes preocupações, enquanto que a tosse crónica já deve ser encarada com mais atenção.  A tosse seca e a tosse com expectoração também levam a cuidados muito distintos. 
As formas mais simples de hidratar e lubrificar as vias respiratórias passam pela ingestão de líquidos (de preferência água e infusões com mel e limão) e chupar rebuçados, referencialmente sem açúcar, para reduzir a irritação. A inalação de vapor de água através de um nebulizador ou aparelho para aerossol (ou até mesmo um banho de vapor) ajuda a amolecer as secreções no caso da tosse produtiva facilitando a sua expulsão, e, no caso da tosse seca, permite a hidratação das mucosas aliviando a sensação de irritação. Quando estes cuidados mais simples não são suficientes, a solução poderá passar pelo recurso a medicamentos, sempre com aconselhamento de um profissional de saúde. 
Por ser um mecanismo de defesa, por norma, a tosse não deve ser suprimida. Contudo no caso de uma tosse seca e irritativa, que comprometa o quotidiano dos que dela sofram, 
poder-se-á recorrer a medicamentos antitússicos e/ou antialérgicos, consoante a sua origem. 
A tosse com expectoração não deve ser tratada com antitússicos, pois a sua supressão repentina poderá resultar na acumulação de expectoração nos brônquios, o que pode ocasionar complicações graves, como infecções pulmonares. Nestes casos, deve-se recorrer à utilização de expectorantes ou mucolíticos, que são substâncias que tornam o muco menos espesso e mais fácil de ser eliminado. Quando se inicia o tratamento com estes medicamentos, a tosse não desaparece de imediato (pode inclusive até aumentar), mas à medida que a expectoração vai sendo expulsa das vias respiratórias a tosse vai diminuindo.

A importância da indicação farmacêutica
Sempre que se dirija à farmácia para solicitar um medicamento para a tosse, deverá ter o cuidado de informar o farmacêutico quanto ao tipo e duração da tosse, se  poderá estar relacionada com alguma infeção respiratória, se fuma ou se costuma estar  exposto ao fumo do tabaco e se já utilizou algum medicamento para a tratar. Não estranhe que o farmacêutico o questione quanto ao aspeto da expetoração caso exista, se está a tossir com sangue, qual a frequência da tosse, se quando tosse sente dor no peito, se toma medicamentos para alguma doença ou se tem algum problema de saúde, etc. A recolha de todas estas informações é indispensável para avaliar se é necessário a dispensa de um medicamento não sujeito da receita médica ou mesmo a referência a uma consulta médica. 
Caso seja feita a indicação de um medicamento, o farmacêutico informá-lo-á quanto às doses, duração do tratamento, possíveis reações adversas, o que fazer no caso de não melhorar e, explicar-lhe-á, ainda, as medidas complementares a tomar, como a ingestão de maior quantidade de água ou a inalação de vapor de água.


As causas
As infeções recentes das vias respiratórias, tais como a constipação e a gripe, podem causar tosse. Outras causas comuns incluem alergias, asma, presença de corpos estranhos, irritação das vias aéreas por substâncias como o fumo do tabaco, doença de refluxo gastroesofágico, alguns medicamentos cujos efeitos secundários podem desencadear tosse, entre outras.



 


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