OUTUBRO 2016
UNIDADE DE DOR CRóNICA

Fátima Vieira
Enfermeira na Unidade da Dor
fatima_vieira@netmadeira.com


Sendo a dor crónica um fenómeno multidimensional obriga com frequência a uma abordagem terapêutica multiprofissional e interdisciplinar. Desde 1961 que se considera o tratamento multidisciplinar da dor crónica como um valor acrescentado na abordagem destes utentes, através da disponibilização de unidades de tratamento e de profissionais de saúde capacitados para a utilização de técnicas e meios de intervenção adequados. É neste âmbito que se inserem as estruturas hospitalares especializadas dedicadas à Medicina da Dor.
Tais unidades devem apoiar-se numa atuação conjugada, em que vários profissionais de saúde, com experiência e formação em avaliação e tratamento da dor, partilhem o objetivo de reabilitar o funcionamento físico, psicológico, social e laboral do utente com dor crónica e utilizem uma abordagem que compatibilize o tradicional modelo biopsicossocial, centrado na doença, com um modelo baseado na compreensão do utente e na humanização, respeitando a individualidade da pessoa.
A primeira Unidade de Dor criada em Portugal foi no IPO de Lisboa, na década de 1980. Outras Unidades se desenvolveram ao longo dos anos. As Unidades são classificadas de acordo com as suas características e níveis de intervenção.
Na Madeira, a Unidade de Dor do SESARAM, já teve outras denominações, desde Consulta de Dor a Unidade de Terapêutica da Dor, sendo atualmente designada de Centro Multidisciplinar de Medicina da Dor – Dr. Rui Silva.
Está situado no 1º piso da Consulta Externa – do Hospital Dr. Nélio Mendonça. Iniciou a sua atividade em 1991. É uma unidade multidisciplinar que procura, através de profissionais com formação específica na área da dor e experiência, aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida dos utentes, apoiando-os numa perspetiva física, psicológica e social, recorrendo sempre que se justifique, a técnicas específicas de diagnóstico e de tratamento.
São atividades do Centro Multidisciplinar de Medicina da Dor:
 - Consultas Médicas, de Enfermagem e de Psicologia;
 - Procedimentos invasivos e não invasivos, farmacológicos e não farmacológicos;
 - Apoio ao utente internado, sempre que o Médico Assistente o referencie;
 - Apoio ao utente com dor, no domicílio.
A acessibilidade, dos utentes, à Unidade é exclusivamente por referenciação Médica. Podem ser referenciados utentes com dor crónica, associada a: patologia da coluna vertebral, patologia osteoarticular, dor neuropática – pós herpética ou Membro Fantasma, Fibromialgia e situação oncológica.
A dor é indubitavelmente uma experiência pessoal, subjetiva e multidimensional, de tal forma que só a pessoa que a sente é que pode dizer como é que ela é. Para podermos dar visibilidade à dor, é preciso avaliá-la. Mas a avaliação da dor crónica é complexa. Existem vários instrumentos de avaliação, uns mais simples – que só avaliam a sua intensidade e outros mais complexos – que avaliam várias dimensões da dor e que devem ser adaptados a cada situação. (ver caixa)
A dor crónica torna-se uma condição que para além do sofrimento que causa tem repercussões na saúde física e mental, perturba e interfere na qualidade de vida da pessoa. Essas repercussões podem ultrapassar a própria pessoa e envolver a família, cuidadores e amigos. A sua complexidade representa, muitas vezes, um desafio terapêutico.
Se o alívio da dor é um direito do utente, é um dever da sociedade dar o seu contributo para que este direito se realize.




 


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