ABRIL 2010
PARASITOSES INTESTINAIS
Dra. Gisele Amorim - Farmacêutica*
gisele.amorim@farmaciadocanico.pt

As parasitoses intestinais são doenças causadas por vermes e protozoários e constituem um problema sanitário. Podemos considerar vários factores como responsáveis pelo seu carácter endémico em muitas regiões, nomeadamente:

- Falta de água potável;
- Más condições higiénico-sanitárias;
-Controlo inadequado dos vectores e reservatórios da infecção, nomeadamente artrópodes e roedores;
- Saneamento básico deficiente;
- Utilização de dejectos animais e humanos como fertilizantes directos;
- Desenvolvimento de formas resistentes aos agentes quimioterápicos.

As helmintíases são as parasitoses intestinais mais comuns, sendo causadas por organismos denominados helmintas. São seres bastante desenvolvidos que vivem no tracto gastrointestinal ou noutros tecidos de um hospedeiro definitivo, na fase adulta.

Entre os helmintas, as classes de maior importância clínica são os nemátodos (Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, os ancilostomídeos Necator americanus e Ancylostoma duodenale, Enterobius vermicularis ou oxiúros), os Céstodos (Taenia saginata, Taenia solium) e os Tremátodos ( Fascíola hepática, Schistosoma mansoni).

Os Protozoários também são causa frequente desse tipo de infecções, sendo as mais comuns as provocadas por Entamoeba histolytica e pela Giardia lamblia. Esses agentes etiológicos apresentam ciclos evolutivos que contam com períodos de parasitose humana, períodos de vida livre no ambiente e períodos de parasitose em outros animais.

A infecção humana é mais comum em crianças, por meio da via oral–fecal, sendo águas e alimentos contaminados os principais veículos de transmissão. Os sintomas variam de acordo com o parasita em questão, sendo os mais comuns o desconforto abdominal, cólicas, diarreias, vómitos, anemia, fadiga e prurido anal. Em alguns casos, os sintomas também podem incluir febre ligeira, tosse, dispneia, eosinofilia e urticária.

Embora o primeiro passo a dar e provavelmente o mais importante, seja a prevenção, estão disponíveis vários agentes quimioterápicos para o tratamento destas parasitoses:

- Derivados imidazóis: albendazol, flubendazol, mebendazol;
- Piperazina;
- Pirantel;
- Praziquantel;
- Metronidazol.

Os critérios de selecção do antihemíntico mais adequado têm em conta a existência de infecções mistas, características dos parasitas, do hospedeiro e do próprio medicamento.

As parasitoses intestinais devem merecer especial atenção durante a gravidez, porque podem causar diminuição da fertilidade, parto prematuro ou aborto, afectar gravemente a saúde da mãe ou do feto e infestar o recém-nascido. O tratamento farmacológico exige que se pondere muito bem o risco/benefício do tratamento quer para a mãe quer para o feto.

As medidas preventivas são fundamentais para limitar e controlar as infestações.
Uma vez que a contaminação pode ter origem a partir do solo ou da água, quer pela ingestão de ovos de parasitas, quer pela penetração através da pele de larvas infectantes, ou pela ingestão de alimentos portadores de larvas de parasitas (é o caso de carnes cruas ou insuficientemente cozinhadas e vegetais mal lavados), devem adoptar-se as seguintes medidas:

- Lavar as mãos antes das refeições, antes de manipular e preparar alimentos, antes de cuidar de crianças e após ir à casa de banho ou trocar fraldas;
- Andar sempre com os pés calçados;
- Cozinhar bem os alimentos. Carnes somente bem passadas;
- Lavar com água potável e corrente os alimentos que serão consumidos crus e se possível deixá-los de molho por 30 minutos em água com hipoclorito de sódio a 2,5%;
- Beber somente água filtrada ou fervida;
- Manter limpa a casa e terreno ao redor, evitando a presença de insectos e ratos;
- Conservar as mãos sempre limpas, as unhas aparadas, evitando colocar a mão na boca;
- Não deixar as crianças brincarem em terrenos com lixo ou água poluída;
- Manter cães e gatos afastados das praias, piscinas e áreas de banho;
- Não permitir que as crianças brinquem com os cães se estes não estiverem desparasitados, especialmente em zonas endémicas;

Outras medidas a serem adoptadas, do ponto de vista da comunidade:

- Educação para a saúde;
- Proibição do uso de fezes humanas para adubo;
- Saneamento básico a toda população;
- Eliminação de hospedeiros intermediários, como sejam moluscos e os artrópodes.

* Colaboradora da Farmácia do Caniço desde 2004.

 


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