DEZEMBRO 2009
O DESENVOLVIMENTO NA CRIANçA
Mara Teixeira – Fisioterapeuta*

“O desenvolvimento é um processo global, único, contínuo e dinâmico, no qual se pode reconhecer uma sequência característica que é comum à maioria das crianças. Deve ser avaliado numa perspectiva transaccional, segundo a qual a criança e o meio que a rodeia interagem reciprocamente. Nesta complexa teia de interacções a criança vai encontrar forças mobilizadoras para crescer e amadurecer de um modo único e característico - o seu”. (Avô, 2000)

Olhando atentamente para esta definição, é possível retirar alguns dos princípios básicos do desenvolvimento:

•    Global, uma vez que envolve todos os aspectos do crescimento e da maturação dos sistemas corporais;
•    Único, isto é, diferente em cada criança, devido à variação dos ritmos de desenvolvimento (de estrutura para estrutura e de indivíduo para indivíduo), podendo-se mesmo afirmar que, a norma é a variabilidade;
•    Continuo, já que se trata de um processo que ocorre ao longo de toda a vida, tendo início na vida intra-uterina, onde o nascimento é apenas um marco a partir do qual os factores ambientais se fazem sentir de forma clara, e cessando na morte;
•    Dinâmico, resultando da interacção entre os requisitos da tarefa, da biologia do indivíduo e das condições do desenvolvimento.

Este processo realiza-se no sentido cefalocaudal e evolui de movimentos generalizados e simples do feto, até movimentos voluntários, altamente específicos e complexos de um adulto, que apresentam uma sequência pouco variável (Umphred, 1994).

Este conhecimento do desenvolvimento permitiu dividi-lo em fases, etapas ou períodos etários, que são fundamentais para ajudar os pais, famílias, educadores e profissionais de saúde a compreender os latos limites da normalidade do desenvolvimento e as alterações que ocorrem no mesmo. (Shumway-Cook & Woollacott, 2001 e Campbell, 2000).

Este processo evolutivo sequencial de avanços e recuos resulta da interacção com múltiplos sistemas, dos quais podemos destacar:

•    As características biológicas, como a adaptação genética, a maturação, o crescimento físico ou idade, que determinam aptidões específicas e, limitam a performance e tendências de desenvolvimento;
•    Os factores socioculturais, que orientam, de certo modo, as opções de desenvolvimento individual;
•    E ainda, a acumulação de experiência e a aprendizagem, que poderá influenciar postiva ou negativamente, a etapa do desenvolvimento posterior. (Cech & Martin, 2002 e Barreiro & Neto, 2007).

Compreender o desenvolvimento da criança é fundamental para que possa realizar uma detecção, avaliação e intervenção precoce em caso de alteração. O conhecimento do mesmo é a base para que as famílias e educadores possam ter uma intervenção mais consciente, segura e eficaz, passando de uma atitude de dependência do profissional para uma atitude mais activa. (Shepherd, 2006)

O Fisioterapeuta, como profissional de saúde com conhecimentos e competências nas áreas do desenvolvimento, prevenção, diagnóstico e tratamento de condições específicas em crianças (Paediatric Special Interest Group of the New Zeland Society of Physiotherapists, Inc., 2003), poderá ajudar os pais, cuidadores e familiares a entenderem melhor todo este processo de desenvolvimento.

Como tal, fica desde já um conselho: é importante que todos os pais estimulem as crianças a participarem nas diferentes actividades, independentemente das suas limitações, de modo a promover a sua participação social. Isto porque, o nível de desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais, depende da qualidade e quantidade das vivências motoras nas primeiras idades. Estimule brincando!

A Equilibrium realizou em Novembro as Jornadas de Desenvolvimento da Criança, onde foram abordados temas como desenvolvimento normal da criança, sinais de alerta e factores de risco e, ainda intervenções em caso de atraso /alteração no desenvolvimento.

Bibliografia

Barreiro, J. & Neto, C. (2007) O Desenvolvimento Motor e Género. Faculdade de Motricidade Humana. http://www.fmh.utl.pt/Cmotricidade/dm/textosjb/texto_3.pdf.
Campbell, S. (2000). Physical Therapy For Children: WB Saunders Company.
Cech, D. & Martin, S. (2002) Functional Movement Development Across the Life Span.
Paediatric Special Interest Group of the New Zeland Society of Physiotherapists, Inc. (2003) http://www.physiotherapy.org.nz/MainMenu
Shepherd, R. (1996). Fisioterapia em Pediatria (3ª ed.). Colômbia: Livraria Santos Editora Lda.
Shumway-Cook, A. & Woollacott, M. H. (2001) Motor Control Theory and Practical Apllications (2ºed,). Philadelphia: Lppincott Williams & Wilkins.
Umprehred, D.A. (1994) Fisioterapia Neurologica (2ºed.). Brazil. Editor a Manole.

* Fisioterapeuta da Equilibrium Ajuda

 


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